sábado, 9 de janeiro de 2010

Semestral




Estava há alguns minutos atrás lendo coisas antigas que escrevi para pessoas antigas em fotologs antigos. Agora entendo porque eu costumava receber tantos elogios nos meus posts, quando eu realmente achava que estavam apenas tentando ser simpáticos. Realmente me impressionei. Talvez porque meus posts têm tudo a ver comigo, claro, mas me tocaram por serem escritos de forma tão calma e reflexiva. Posts que refletiam toda a minha raiva do momento, ser precisar chingar ou colocar muito mais que uma ou duas palavras em letra maiúscula, tocando delicadamente pensamentos comuns a todos.
Por isso volto aqui, seis meses depois do meu ultimo post, porque das cinzas em meu peito reacendeu a vontade de escrever. Vontade de tocar as pessoas que lêem o que escrevo, e fazê-las refletir sobre o jeito que fazem seja lá o que fizerem.
Se antes eu já tinha poucos leitores, agora terei numeros negativos. Mas no momento, eu não ligo. Só quero escrever, extravasar o que sinto sobre tudo o que me cerca e, principalmente, o que me compõe. Um mês depois do meu ultimo post neste blog, viajei para os Estados Unidos, e tenho morado aqui desde então. Estou de intercambio em Salina, no Kansas, e tenho sentido emoções completamente opostas, que variam em segundos. O pior de tudo é ter que guardar tudo isso para mim, parte porque demoro para fazer amigos em que confio, e parte porque minha experiencia me diz para não demonstrar minhas fraquezas.
Me faz falta escrever como eu conseguia. Tenho medo de não conseguir mais, já que desde aquela época minha vida mudou completamente. Eu não tinha traumas que hoje tenho. Estava vivendo o momento em qualquer momento, e essa caracteristica infantil me faz uma falta imensa. Queria não ter mudado, fui forçada a crescer. Tive que abandonar reações de impulso, assim preservaria melhor minha imagem e minha mente. Ainda consigo chorar, dois anos depois do impacto, mas não pelas pessoas que perdi. Aprendi que pessoas são passageiras, e 90% do meu passado me perdeu, e não o contrario, já que minha confiança só se ganha uma vez. Mas quando penso no passado, choro pelo que eu já fui. Choro quando leio o que eu escrevi, quando lembro o que eu senti. Era bom, era puro. Era simples. Odeio ter que pensar demais antes de agir, e conter as palavras que vem à cabeca expressar apenas o racional. O irracional me mostrou o mundo, e me tirou o mesmo em segundos. Mas o amei enquanto tive, e o aproveitei tempo suficiente para se tornar inesquecivel, o mundo. Para se tornar desejável, e me fazer sentir que, por mais que eu faça tudo o que eu quero, não é o bastante. O suficiente para meu lado irracional voltar para mim de tempos em tempos, me fazendo chorar pelo pedaço de mim que fui forçada a abandonar.
Eu quero minha adolescencia de volta. Fiz 18 anos mês passado, mas sinto e me comporto como se eu tivesse 40, às vezes até mais. Tento fazer pessoas da minha idade crescerem como eu, porque não suporto a solidão e invejo a pureza que perdi.
Se hoje eu tivesse que escolher o que prestar no vestibular (tenho adiado meu vestibular com esse intercambio), escolheria Jornalismo, porque quero escrever e não ter que parar. Ao mesmo tempo, um dos meus traumas me toca. Não quero expor meus sentimentos para quem quiser ler. Quando se expõe feridas, bacterias se aproveitam para te destruir.
No entanto, estou afim de tentar. Se quero voltar a ser o que um dia fui, adicionando alguns anos de experiência, o primeiro passo é voltar a escrever, que está na minha essência. É tentar fazer essa essência florescer de volta no jardim que cobri de pedras. E então, quando as primeiras pétalas desabroxarem, será o suficiente para que meu processo em mover pedras seja efetivo.
[FOTO: Hoje, 9 de Janeiro de 2010, Salina, Kansas USA ]

Um comentário:

laura bucaretchi disse...

Eu amo o que você escreve, como você escreve e principalmente porque vem de você.
Eu também infelizmente fui forçada à crescer, acho que pelo mesmo trauma que você ou algo parecido com isso. Mas anyway, o motivo era o mesmo (depois falo ele em uma palavra pra você). Mas tá.
Infelizmente somos assim, preocupadas demais com tudo. Alertas demais com tudo. Mas isso não nos torna fracas pra aproveitar o máximo os nossos 18 anos. Podemos soltar, gritar e deixar rolar, e eu tô aprendendo a fazer isso de verdade.
Volta que eu te ensino como consegui (apesar que já acho que você tem mais saber nisso que eu).
Você não queria uma parceira pra tudo isso então? Tô aqui. E sempre.
Te amo muito.

[E também já pensei em Jornalismo, principalmente relacionado com música. Sempre quis fazer. E agora não precisa nem ter diploma na faculdade, porque quem nasce com talento vai pra frente. E amiga, posso dizer com CERTEZA do que tô falando, você TEM esse talento. Você é o seu talento. Vem de você. Se continuar com essa idéia, vá em frente, você consegue♥]