quinta-feira, 29 de julho de 2010

Vestibular

Antes de mais nada, a foto não me pertence, encontrei-a na internet.


Sempre quis fazer da minha vida algo relacionado à Arte. Pensei em não fazer vestibular e tornar-me artista plástica, pintora, mas logo desisti da idéia porque antes que eu virasse famosa havia grandes chances de eu morrer de fome. Professora de Educação Artística também não daria certo, já que não suporto a idéia de dar aulas para estudantes que sempre se acham melhores do que os professores. Mesmo sem ter nada a ver com arte, estava voltada à área de Jornalismo pela minha paixão pela escrita e linguagens. Mas como todas minhas escolhas parecem ter algo para arruiná-las, acho os jornais da minha cidade bem tendenciosos. Gosto de biologia, mas não faria Medicina por haver muita responsabilidade envolvida. Minha paixão pela área de humanas e querer fazer o que é certo me fizeram pensar em Direito, mas não quero ter que defender algo ou alguém que eu não concorde. Então comecei a pensar em Design.
A primeira coisa que ouço quando exponho minha decisão é: "Por que você não faz Arquitetura?" Admito que pensei nisso, e me decidi por Arquitetura por algumas semanas. Mas não tenho interesse nenhum em construir prédios, e entender o que é necessário para que um edifício suporte mil pessoas sem cair. Quero criar em proporções menores. Criar coisas, ou ambientes já construídos. Então semana passada, dias 22 e 23 de julho, assisti à 8 Palestras de designers no evento Boom Rio Preto Design. Não preciso nem dizer que amei. Me identifiquei muito com a situação dos designers, e o modo de pensar que nos exibiram. É claro, tudo tem seu preço, e Design não é uma profissão muito procurada. Mas resolvi seguir o tal do "fazer o que tenho vontade", e decidi que é melhor tornar-me uma boa designer sem muito dinheiro, do que uma medica ou advogada medíocre cheia da grana e de mal com a vida. Quero ser feliz! E se desenhar cadeiras ou geladeiras vai me trazer alguma satisfação pessoal, então que venham os empréstimos de bancos! Agora é a hora de decidir o resto da minha vida. Eu posso, e vou, ser feliz fazendo o que gosto.





quinta-feira, 22 de julho de 2010

The End



"Never say goodbye
because saying goodbye means going away
and going away means forgetting"


É. O intercâmbio acabou. Há um mês e 20 dias voltei para o Brasil, onde ninguem me pára no meio de uma conversa e pergunta de onde é meu sotaque. Há quase dois meses não vejo minhas amigas nem meu namorado, mas ao mesmo tempo reecontrei amigos e família que não via há 10 meses... Mesmo que nem toda a família.

Tudo na vida tem um preço. Meu intercambio foi maravilhoso, conheci amigos inesquecíveis, aperfeiçoei meu inglês de um jeito que nenhuma escola de línguas me proporcionaria e comecei a namorar a pessoa mais atenciosa e compreensiva que já conheci. Mas naturalmente tive de abrir mão de muitas coisas, e perdi tanto quanto ganhei quando escolhi fazer esta viagem. Além dos momentos ruins que passei nos Estados Unidos por choque de culturas ou saudades, meu namoro anterior acabou e minha avó nunca mais me viu. Depois de 2 meses e meio internada e inconsciente, ela faleceu uma semana após a minha chegada. Alguns dizem que ela esperou que eu chegasse. Deixo a critério de cada um acreditar no que lhe convém. Se eu faria de novo se soubesse que tudo isso aconteceria? Com certeza.

Namoros terminam quando há choque de idéias entre os integrantes. Isso vale para qualquer término. Mesmo em casos extremos de traição, numa visão crua é certo de que houve um choque de idéias: um aceita, outro não. Mas meu caso dessa vez não foi tão trágico. Logo após o início do meu intercambio começamos a provar deste choque de ideais: enquanto minha ausência o machucava, sua descrença me matava. Então acabou. Acredito eu que se eu tivesse desistido de fazer intercâmbio para salvar meu namoro, futuramente descobriríamos um choque de personalidade quanto a outro assunto fundamental e terminaríamos. Só adiantei o inevitável. E como dita o velho clichê "há males que vem para o bem", só terminando um namoro para começar outro.

Quanto a minha avó, minha partida não piorou nem melhorou seu estado. Não deixo de acreditar que ela esperou sim por mim, apesar de eu não ser tão religiosa. Mas também não me sinto a neta favorita e sei que há muito mais determinando o dia de seu falecimento do que minha chegada. Porém, se eu deixasse de fazer intercâmbio, isso não extenderia sua vida. Talvez encurtaria, e ainda não me decidi se isso seria bom ou ruim. Mas tudo aconteceria do mesmo jeito, a não ser que eu estaria presente para sofrer com o resto da familia por dois meses e meio a mais. Não me leve a mal, é óbvio que eu queria tê-la encontrado bem e ter convivido 8 meses a mais com ela, enquanto estive fora e ela esteve bem. Mas a morte é pacífica. É dolorosa para a família, mas depois de ver minha avó no hospital quando cheguei e mal reconhecê-la, sei que não posso ser egoísta e desejar que ela ainda estivesse aqui daquela maneira. Eu a amei o suficiente para deixá-la ir. Tenho certeza de que, onde quer que ela esteja, está melhor agora.

Sei que já escrevi isso várias e várias vezes, mas acho que agora que voltei será mais fácil cumprir e postar mais frequentemente. Começar a blogar de verdade, enquanto meus posts têm sido aqui e ali uma vontade de escrever num diário. Hoje me decidi finalmente o que fazer na faculdade, mas isso fica para o próximo post. Por mais que odeie promessas, prometo não demorar demais para postar de novo. Não dessa vez.

sábado, 13 de março de 2010

Últimos meses

A-há! Finalmente achei um tempo para postar aqui. Tenho tentado faz um tempo, mas hoje acabou o terceiro bimestre aqui na minha escola americana, então tive bastante coisa pra fazer recentemente. A próxima semana é Spring Break, e não terei aula a semana inteira. É comparável à Semana do Saco Cheio no Brasil, só uma semana no final do ano letivo que as escolas tiram de folga para acalmar os nervos. Portanto, nessa segunda-feira dia 15 de março, vou embarcar para a California, onde conhecerei San Francisco, Los Angeles e Hollywood com outros intercambiários da agência EF do mundo todo que estão morando nos Estados Unidos. Estou tããão animada, a primeira coisa que farei será procurar brasileiros. De acordo com a regra, devemos falar inglês durante a viagem toda, mas voce entenderia meu desespero se o mais perto de português que você falasse fosse umas 2 ou 3 vezes por semana com seus pais no Skype, e digitando no orkut e blog. Mal posso esperar para conversar com alguem sem ter que pensar no que vou falar, tentar esconder o sotaque ao maximo para ser entendida na primeira tentativa, e ter que achar outro jeito de se explicar quando me dou conta de que nao sei como falar a palavra-chave da informação em inglês. Sou um tanto quanto quieta aqui, porque me canso frequentemente de pensar demais. Haha, mas não vou mentir, agora que o intercambio está no final, estou entendendo quase tudo que ouço sem ter que pedir para repetir, e estou até sendo entendida :D Ah, o final. No começo, me encontrei várias vezes pensando em quando esse intercambio acabaria para eu reencontrar amigos, amor, família. Agora, tento retardar o tempo. Se eu precisasse morar mais um ano aqui, sobreviveria. Me acostumei, fiz amigos, me divirto. Quando paro para pensar em quanto tempo falta, os meses estão voando! Cheguei aqui no verão, agora já é primavera. Tive medo do inverno, com neve e temperaturas que nunca senti no Brasil. Foi como se o outono tivesse durado um dia, e o inverno dois. Já sinto falta da neve, e não tive tempo de ficar entediada e desejar que ela derretesse. Tive um momento de nostalgia ontem na escola, onde abracei duas das minhas melhores amigas e elas começaram a falar que só tenho mais 2 meses aqui e como sentiriam minha falta. Quase choraram, assim como eu. Mais tarde, ainda ontem, abri meu armario e encontrei um bilhete que minha melhor amiga enfiou pelo buraco de circulação de ar na porta. Usando um tradutor virtual, ela escreveu em português o quanto eu era especial e como ela estava animada para me visitar em julho de 2011, quando ela já tiver 18 anos. Bom, aqui a censura para bebida é 21 anos, então acredito estar implícito que vamos festejar o mês inteiro quando ela me visitar. Durante o almoço, outras meninas me disseram que eu sou a melhor intercambiária que eles já tiveram naquela escola. Tudo isso em um dia, 2 meses e meio antes de eu partir. Gosh, tenho medo do ultimo mês. Vou passar o mês todo chorando na escola. No momento, nao quero pensar nisso para não chorar antes da hora. Nesse post eu ia me atualizar no que tem acontecido ultimamente, e postar uma redação bem legal de um amigo sobre o motivo de escrever. Porém, acho que a atualização já ocupou bastante espaço, e escrever mais uma redação inteira nao vai atrair leitor algum. Não dizendo que publicar só isso atraia, mas enfim. Acabo de lembrar de um restaurante brasileiro onde escolhemos os ingredientes para montar um prato de macarrão, COMPLETAMENTE do nada, mas meldels como estou com fome. Como disse anteriormente, viajarei daqui 3 dias, então provavelmente não postarei mais nada até lá. Vou tentar postar a redação assim que voltar, e tentar postar mais, pelo menos uma vez por semana. Volto no dia 22 de março, a outra segunda-feira. Provavelmente postarei algo sobre a viagem, que vai ser per-fei-ta (yn). Mas a redação virá um dia, prometo. Acho que vou comer alguma coisa, mesmo com minha host-family me olhando torto porque são quase 10 horas da noite. É sexta-feira! Meu corpo não funciona direito nos finais de semana, e eu não vou dormir tão cedo. Ainda pretendo trabalhar no meu scrapbook, imprimi fotos do outono ontem. De qualquer forma, deseje-me sorte! Hollywood, here I come ;D

quarta-feira, 10 de março de 2010

Postagem à vista

OMG tenho tentado postar ja faz uns dias, e prometo que postarei ainda essa semana. Essa promessa é válida para mim, já que ninguem lê meu blog mesmo. E possivelmente deletarei essa postagem assim que tiver tempo de postar algo maior, melhor elaborado. Entao, voce leitor aleatorio que teve a (in)felicidade de encontrar-se em meu blog nesse exato momento, SIM VOCE MESMO! Volte em no maximo tres dias que prometo postar 1. Uma redacao muito boa de um amigo sobre o intuito de escrever; 2. Regras que estabeleci para mim mesma nos ultimos anos; 3. Uma poesia que tenho tentado escrever (assumo que sou pessima em poesia, sou bem melhor em convencer outros a concordar comigo no que eu quiser - acho que vou me candidatar à Presidência); 4. Algo mais interessante que pode vir à minha cabeça nos próximos dias; 5. Todas as alternativas se eu tiver insonia ou algo do tipo :D
"Thank you for choosing Wal-mart" e volte sempre.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Pela primeira vez à favor dos Estados Unidos


Para ser sincera, fazer intercambio nos Estados Unidos nunca foi minha primeira escolha. Sempre quis fazer intercambio, mas queria ir para o Canadá ou Inglaterra. O problema é que já conheci parte do Canadá, então queria mudanças, e ir para a Inglaterra era mais caro, além de ter que passar um ano gastando em Euro, que é quase 3 reais. Minhas opções então caíram para Estados Unidos ou França, que eram mais ou menos o mesmo preço, e eu sei falar ambos os idiomas. Mas meu francês que aprendi em 2 anos não chega nem perto do inglês que passei 10 anos aprendendo e praticando 2 vezes por semana, por mais da metade da minha vida. Além de eu não estar preparada para me virar com meu Bonjour, Oui e Je ne parle pas français, há muito mais para alguém de 17 anos na terra de Hollywood, Halloween, White Christmas e Cheerleaders do que na Europa onde as pessoas têm fama de não ser tão receptivas e as atrações turísticas são em sua maioria museus. Então aqui estou eu.
Desde que cheguei, porém, meus instintos anti-estadunidenses que professores de Historia e Geografia sempre me fizeram acreditar afloraram. Realmente, aqui até abóboras são compradas em latas, e produz-se muito mais lixo do que o Brasil. Além disso, estadunidenses são bastante nacionalistas e acreditam fielmente que o mundo precisa deles, seja para defendê-los do próprio povo no Iran, ou porque a Florida produz 40% das laranjas do mundo. Dei muita risada quando ouvi meu professor de American History aqui contando essa ultima, e tive que discordar publicamente, já que qualquer suco de laranja que compro aqui tem escrito na embalagem "Made in Brazil", ou "Made in Guatemala", ou Made in outros países tropicais. Claro, ja bebi suco de laranja da Florida, mas não vejo motivo para importar do Brasil ou da Guatemala se a Florida produz 40% das laranjas mundiais.
Quando vi esse nacionalismo tão forte que chega a me afetar, naturalmente me tornei nacionalista também. Nunca me orgulhei tanto de falar que não vou fazer faculdade aqui porque no Brasil é de graça, e que não temos terremotos porque o país inteiro fica na mesma placa tectônica. Coisinhas simples, mas me fazem ver meu país de fora com outros olhos, e me fazem com certeza querer voltar e morar no Brasil.
No entanto, essa semana tive que apoiar os Estados Unidos da America. Aconteceu um terremoto no Haiti, e muita gente morreu ou perdeu casa e familiares, uma desgraça. Os Estados Unidos agiram imediatamente, com a idéia de que o mundo precisa deles, e enviaram tropas e mais tropas para ajudar a procurar por sobreviventes, e vejo comerciais o tempo todo informando como ajudar mandando mensagens de texto escrito "Haiti" para um certo número que $10 será retirado da sua conta e enviado para o Haiti. Milhões de dólares já foram enviados. Há cartazes na minha escola escrito "Help to Haiti", e frases do tipo. O país inteiro se mobilizou para ajudar um outro país mais pobre afetado por um desastre natural, mesmo que o Haiti provavelmente não seja um grande consumista de produtos americanos, como alguns brazileiros alegariam.
Sempre fomos americanos, afinal o Brasil tambem se localiza na America. Mas hoje é o dia em que me orgulho de dizer que EU sou americana. Apesar do medo de os Estados Unidos começarem uma guerra contra o Brasil, como eles podem começar com qualquer um, me conforta saber que se algo de ruim acontecer conosco, eles estarão aí para nós. Pela primeira vez, irei contra meus professores de geografia e historia. Eu concordo com 90% do que eles dizem contra os Estados Unidos, e sou prova viva de que é verdade. Mas o país não é lado negro do mundo, e esse intrometimento não é sempre ruim. Pelo contrário, está sendo no momento muito bom, e me faz muito feliz ter essa oportunidade de estar aqui para ajudar.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Semestral




Estava há alguns minutos atrás lendo coisas antigas que escrevi para pessoas antigas em fotologs antigos. Agora entendo porque eu costumava receber tantos elogios nos meus posts, quando eu realmente achava que estavam apenas tentando ser simpáticos. Realmente me impressionei. Talvez porque meus posts têm tudo a ver comigo, claro, mas me tocaram por serem escritos de forma tão calma e reflexiva. Posts que refletiam toda a minha raiva do momento, ser precisar chingar ou colocar muito mais que uma ou duas palavras em letra maiúscula, tocando delicadamente pensamentos comuns a todos.
Por isso volto aqui, seis meses depois do meu ultimo post, porque das cinzas em meu peito reacendeu a vontade de escrever. Vontade de tocar as pessoas que lêem o que escrevo, e fazê-las refletir sobre o jeito que fazem seja lá o que fizerem.
Se antes eu já tinha poucos leitores, agora terei numeros negativos. Mas no momento, eu não ligo. Só quero escrever, extravasar o que sinto sobre tudo o que me cerca e, principalmente, o que me compõe. Um mês depois do meu ultimo post neste blog, viajei para os Estados Unidos, e tenho morado aqui desde então. Estou de intercambio em Salina, no Kansas, e tenho sentido emoções completamente opostas, que variam em segundos. O pior de tudo é ter que guardar tudo isso para mim, parte porque demoro para fazer amigos em que confio, e parte porque minha experiencia me diz para não demonstrar minhas fraquezas.
Me faz falta escrever como eu conseguia. Tenho medo de não conseguir mais, já que desde aquela época minha vida mudou completamente. Eu não tinha traumas que hoje tenho. Estava vivendo o momento em qualquer momento, e essa caracteristica infantil me faz uma falta imensa. Queria não ter mudado, fui forçada a crescer. Tive que abandonar reações de impulso, assim preservaria melhor minha imagem e minha mente. Ainda consigo chorar, dois anos depois do impacto, mas não pelas pessoas que perdi. Aprendi que pessoas são passageiras, e 90% do meu passado me perdeu, e não o contrario, já que minha confiança só se ganha uma vez. Mas quando penso no passado, choro pelo que eu já fui. Choro quando leio o que eu escrevi, quando lembro o que eu senti. Era bom, era puro. Era simples. Odeio ter que pensar demais antes de agir, e conter as palavras que vem à cabeca expressar apenas o racional. O irracional me mostrou o mundo, e me tirou o mesmo em segundos. Mas o amei enquanto tive, e o aproveitei tempo suficiente para se tornar inesquecivel, o mundo. Para se tornar desejável, e me fazer sentir que, por mais que eu faça tudo o que eu quero, não é o bastante. O suficiente para meu lado irracional voltar para mim de tempos em tempos, me fazendo chorar pelo pedaço de mim que fui forçada a abandonar.
Eu quero minha adolescencia de volta. Fiz 18 anos mês passado, mas sinto e me comporto como se eu tivesse 40, às vezes até mais. Tento fazer pessoas da minha idade crescerem como eu, porque não suporto a solidão e invejo a pureza que perdi.
Se hoje eu tivesse que escolher o que prestar no vestibular (tenho adiado meu vestibular com esse intercambio), escolheria Jornalismo, porque quero escrever e não ter que parar. Ao mesmo tempo, um dos meus traumas me toca. Não quero expor meus sentimentos para quem quiser ler. Quando se expõe feridas, bacterias se aproveitam para te destruir.
No entanto, estou afim de tentar. Se quero voltar a ser o que um dia fui, adicionando alguns anos de experiência, o primeiro passo é voltar a escrever, que está na minha essência. É tentar fazer essa essência florescer de volta no jardim que cobri de pedras. E então, quando as primeiras pétalas desabroxarem, será o suficiente para que meu processo em mover pedras seja efetivo.
[FOTO: Hoje, 9 de Janeiro de 2010, Salina, Kansas USA ]